Navegando por Autor "Sodré, Maria Dorath Bento"
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- ItemEcos de Palavras-Imagens: O Índio no Discurso de Intelectuais Baianos nos 400 Anos do Brasil(2003) Sodré, Maria Dorath BentoEste trabalho se propõe a analisar e problematizar o discurso sobre índios emitido pelos intelectuais baianos do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – IGHBa no ano de 1900, quando ficaram responsáveis pelas comemorações dos 400 anos do Brasil e construíram a imagem discursiva do índio num contexto de fim de século, de mudanças políticas com o término do governo de Luís Vianna, do fim da guerra de Canudos e de influência das teorias raciais. Entre as referências que marcam este discurso, tem-se a projeção de uma imagem idealizada do índio com forte traço romântico, localizado no passado, mais exatamente no início da colonização brasileira e em vias de extinção. Serviram como fontes principais para a análise desse discurso o romance-histórico Pindorama, de Xavier Marques, e o relatório Estudos sobre a Baía Cabrália e Vera Cruz, do major Salvador Pires Carvalho e Aragão, produzidos sob a égide das comemorações do quarto centenário de descobrimento do Brasil. Nesses livros, nos jornais de maior circulação na época e nas revistas do IGHBa, identifica-se o enunciado da miscigenação como uma preocupação que poderia comprometer o futuro projeto de uma sociedade monorracial branca na Bahia, tornando a presença de mestiços, negros e índios uma questão social para a qual os intelectuais deveriam indicar a solução. Diante deste enunciado a imagem-discursiva do índio é um misto de mito da nacionalidade, produzido pelos literatos românticos de meados do século XIX, atualizado com os pressupostos raciais que entendiam a miscigenação como degeneração racial. Para instituir a identidade indígena, os intelectuais utilizam textos produzidos no período inicial da colonização brasileira, como a carta de Pero Vaz de Caminha em que pressupõem encontrar as características para identificar os índios, que o olhar contemporâneo de final de século deveria reconhecer. Contam, também, com o pressuposto da teoria evolucionista, segundo o qual o processo de desaparecimento dos índios era uma lei da natureza para os povos que não acompanhassem o progresso modelado na Europa. Com a instrumentação da metodologia da análise de discurso, buscou-se, nesta dissertação indicar como esse discurso de final do século XIX projetou, na memória social brasileira a invisibilidade do índio, a crença de seu desaparecimento, o reconhecimento da identidade indígena que foi atribuída pelos intelectuais. Sob signo de final de século, os intelectuais baianos projetaram uma imagem do índio com traços físicos e culturais estereotipado, com um lugar no passado da história do Brasil, portanto distanciando o índio no espaço e no tempo, onde pretendiam que tivesse permanecido. Tentou-se ouvir os ecos dessa projeção, entendendo que desvendar esse discurso pode-se chegar as práticas como o não reconhecimento do índio que não corresponda à imagem-discursiva que associa fenótipo enfeitado de penas, arco e flecha, como sendo lugar de índio as matas ou lugares distantes das cidades do País, e a perspectiva de extinção do índio.
- ItemO Território de Identidade de Irecê e o Contexto das Escolas do Meio Rural: Lacunas e Tensões na Territorialização da Educação do Campo(2015) Sodré, Maria Dorath BentoEsta pesquisa analisa as contradições entre a proposta da Educação do Campo assumida no Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável-PTDRS do Território de Identidade de Irecê-TII, na Bahia e, as condições materializadas no contexto da educação instalada no meio rural do Território. Uma das questões condutoras deste estudo é a identificação e problematização acerca das lacunas e tensões para territorializar a proposta da Educação do Campo. A orientação teórica assume a perspectiva das tensões e lacunas para compreender, as relações entre o modelo hegemônico de educação no TII e a contra-hegemonia, expressas nos princípios da Educação do Campo assumidas no PTDRS. As principais categorias norteadoras foram: hegemonia e contra-hegemonia de Gramsci (1991), acrescidas também das contribuições de Schneider (2004), no que se refere a abordagem territorial e, ainda, a de território, em Milton Santos (1994) constituem o suporte teórico. A pesquisa de campo desenvolvida entre os anos de 2013 e 2014 envolveu entrevistas, observações, grupos focais com participação dos professores das quatro escolas de povoados do município de Ibititá que traduzem, paradigmaticamente, semelhanças aos demais municípios do TII. Quanto à metodologia há um trabalho relacional entre concepções de diferentes sujeitos, sendo os atores da proposta no TII e os professores. Verticalizada no instrumento do grupo focal com professores das escolas e entrevistas com representantes do Colegiado Territorial. O estudo apresenta as lacunas tanto na operacionalização da proposta quanto no envolvimento dos professores e nos conflitos com o sistema municipal de ensino. Estas lacunas envolvem concepção de campo e de perspectiva para o mundo rural o que impactam nas tensões para o processo de territorialização da educação no TII e traduz as contradições entre a vida do território e as promessas do TII com o PTDRS. Conclui-se nesse trajeto que há lacunas e tensões entre o propor e o fazer, não houve mobilização de poder e encaminhamentos para agir na estrutura política em contra-hegemonia para materializa o plano de desenvolvimento sustentável rural. A trama da precarização do meio rural e sua escola encontra assim, outro reforço.